Certo dia, espalhou-se pela floresta a noticia de que haveria uma festa no Céu, onde só poderiam comparecer os bichos que voassem. Sendo assim, todas as aves foram convidadas.
Seu Sapo não foi convidado e ficou muito triste. Mas, começou a dizer que também iria à festa.
Logo ele, pesadão e não sabendo sequer correr, seria capaz de subir àquelas alturas ?
Os bichos morriam de tanto rir. Os pássaros, então, nem se fala!
Mas, de repente, seu Sapo teve uma ideia e disse:
- Irei à festa, pegando carona no violão do meu amigo Urubu !
Na véspera, procurou o Urubu e esteve bastante tempo a conversar com ele. O urubu se divertia muito com a conversa do Sapo. Depois, se despediu dizendo:
- Bem, camarada Urubu, quem é coxo parte cedo e eu vou indo, porque o caminho é muito longo.
O Urubu respondeu:
- Você vai mesmo?
- Se vou? Claro que sim, lá nos encontraremos !
No dia seguinte, sem que o urubu percebesse, o sapo entrou no violão e ficou quietinho lá dentro.
- Que engraçado, esse violão está pesado !
Pensou o Urubu, que pegou a viola, amarrou-a a tiracolo e bateu asas para o céu: rru-rru-rru...!
Chegando ao céu, o Urubu arrumou a viola num canto e foi à procura das outras aves.
Os animais dançam animados na festa |
Nem queiram saber o espanto que as aves tiveram, ao ver o Sapo no Céu! Todos queriam saber como ele chegou lá,mas o Sapo repetia:
- Segredo! Segredo!
As aves se reuniram e resolveram expulsar o sapo da festa, dizendo:
- Você não é ave, não foi convidado e tem a boca grande. Vamos jogá-lo lá embaixo.
Assim fizeram, e o Sapo caiu de costas na água, sem se machucar. O Sapo aprendeu a lição e nunca mais foi a uma festa sem ser convidado.
Sapo cururu, espécie natural das Américas. Tem 25 cm e pode pesar até 2 kg |
Adaptação: Conto tradicional do folclore brasileiro - Luís da Câmara Cascudo. Disponível em:
Luís da Câmara Cascudo - breve biografia do autor
Luís da Câmara Cascudo foi historiador, antropólogo, folclorista, advogado, jornalista e pesquisador brasileiro de diversas culturas. Nasceu em 1898 em Natal, capital do Rio Grande do Norte, estado da Região Nordeste, e morreu em 1986. Foi um importante estudioso do folclore brasileiro e mundial. Ele pesquisava e reunia lendas e contos populares do Brasil, e relacionava com lendas e mitos de outras partes do mundo.
A festa no céu é uma fábula muito antiga e muito popular no Brasil. Cascudo e os demais folcloristas a classificaram como um conto etiológico, ou seja, um conto inventado para explicar o motivo de determinadas características de um animal, como por exemplo: o macaco ter o rabo grande, a tartaruga ter o casco remendado, e assim por diante.
O conto a festa no céu, também faz parte do folclore português. Em algumas regiões do Brasil, no lugar do sapo tem uma tartaruga ou um jabuti.
Compreensão do texto
1- Onde ocorreu a festa?
2- Nem todos os animais da floresta foram
convidados. Quem poderia participar da festa?
3- O sapo decidiu que iria à festa,
mesmo sem ser convidado. Como ele chegou
lá ?
4- Como o urubu descobriu o sapo dentro de seu violão?
5- Você seria capaz de ir a uma festa
sem ser convidado ?Ficaria satisfeito de receber pessoas não convidadas na sua festa?
6- Quem é o autor dessa fábula? Onde e
quando ele nasceu?
Urubu andando |
7- Há outras versões dessa fábula, onde no lugar do sapo estão a tartaruga ou o
cágado ou o jabuti. Você conhece alguma dessas versões ? Apresente para a
turma da sua classe.
8-
O autor classifica essa história como um conto etiológico. O que é um conto etiológico?
9 – Observe a imagem onde aparecem o sapo e o urubu com seu
violão nas costas, ambos se
divertindo na festa lá no céu. Observe as demais imagens do texto. Escreva uma
nova versão dessa história, junto com todos os colegas da turma. Vamos lá !.