A célebre Carta do " Achamento" ou descobrimento do Brasil foi escrita em forma de diário, por Pero Vaz de Caminha em Porto Seguro, Bahia, entre 26 de abril e 2 de maio de 1500 (final do século XV).
Destinava-se ao Rei de Portugal Dom Manuel I, o qual passou, imediatamente, á Secretaria de Estado como documento secreto, para evitar que chegasse às mãos dos espanhóis a notícia do descobrimento do Brasil.
O “escritor-escrivão” Pero Vaz de Caminha revela-se o primeiro cronista do Brasil e se
posiciona como testemunha ocular dos fatos. Registra
os primeiros acontecimentos do encontro dos portugueses com a nova terra. Descreve sua
geografia física e humana e revela o impacto cultural do encontro
dos estrangeiros com os nativos.
VALOR HISTÓRICO DA CARTA DE CAMINHA
A Carta de Caminha é considerada a Certidão de Nascimento do Brasil e
nosso primeiro documento histórico, ou seja, o primeiro documento escrito sobre a História do Brasil. Relata a chegada dos portugueses e o primeiro contato entre o europeu e o nativo indígena. O documento nos fornece os primeiros relatos históricos da formação do Brasil e contribui para o processo de aprendizagem dos alunos com base na sua análise aliada a outras fontes.
É fato que todo vestígio do passado é uma fonte histórica em potencial. Entretanto, apenas as fontes de valor legal e/ou institucional podem ser consideradas verdadeiros documentos históricos. O documento histórico quando utilizado como recurso didático em sala de aula, constitui-se uma ponte entre o presente e o passado para o aluno.
Por isso, o trabalho de leitura e escrita a ser desenvolvido com os alunos a partir da Carta de Pero Vaz de Caminha, deve aproximá-los dos procedimentos de trabalho de um pesquisador das Ciências Sociais, em particular a História, por ser um documento escrito, legal e institucional.
Primeira Missa no Brasil - Leitura por Imagem
Vamos praticar?
Leia a carta de Caminha. Observe atentamente a tela pintada pelo brasileiro Victor Meireles em 1860. Ele se inspirou na referida carta. O que você achou dessa tela?
Sua turma está encarregada de pintar um quadro semelhante, com o mesmo título: Primeira Missa no Brasil e expor na área de convivência de sua escola. Boa sorte!
Derivada
do Tupi-Guarani, a palavra PINDORAMA significa "Terra das
Palmeiras" e, diz a história, que seria o nome pelo qual os nativos
chamavam as terras brasileiras quando do descobrimento em 22 de Abril de 1500 (final do século XV) pelas Naus Portuguesas
comandadas por Pedro Alvares Cabral.
Vamos Praticar ?
2- Em equipe de até quatro integrantes, identifique os fatos históricos presentes na letra da música Pindorama.
3- Fale sobre o significado da palavra Pindorama.
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Victor Meirelles (1832-1903): Primeira Missa no Brasil, 1860. Óleo sobre tela. Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes. Imagem
Missa Celebrada em Porto Seguro, Bahia, em 26 de Abril de 1500.
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VALOR LITERÁRIO DA CARTA DE CAMINHA - O QUINHENTISMO
A
Carta de Caminha não é um simples relato de viagem. Pode ser considerada
Literatura, por possuir importantes elementos
literários. A Carta faz parte da Literatura Portuguesa e tem considerável
valor literário, indo além de simples registro
burocrático dos fatos.
É
considerada também como o primeiro texto de valor literário do Brasil, por ter
sido redigida pelo “escritor-escrivão” Pero Vaz de Caminha. Escrita em forma de
diário, o objetivo foi relatar ao rei de
Portugal D. Manuel I, as primeiras impressões dos portugueses sobre a terra
descoberta e seus habitantes.
O texto de Caminha pode ser denominado uma carta-diário que faz uma crônica dos acontecimentos do encontro entre os dois povos. Esses gêneros, principalmente o diário, foram bastante difundidos nos séculos XV e XVI, quando os europeus expandiram suas fronteiras além-mar e entraram em contato com outros mundos.
Apresenta elementos de uma crônica e características do estilo da
Literatura de Viagem do Quinhentismo. A crônica é um tipo de texto em que o autor desenvolve suas ideias baseando-se em fatos do cotidiano, ou seja, do dia a dia, ou sobre qualquer outro assunto comum: política, mundo das celebridades, esporte etc.
Quinhentismo é o nome dado a todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, quando a cultura europeia foi introduzida no país. Tem este nome pelo fato das manifestações literárias se iniciarem no ano de 1.500, ano da descoberta do Brasil (22 de abril de 1500).
O Quinhentismo compreende a descrição da terra e do índio, os textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que aqui estiveram. No período do Quinhentismo a literatura brasileira ainda não tinha sua identidade, a qual foi sendo formada sob a influência da literatura portuguesa e europeia, em geral.
A Carta
de Caminha inaugura o que se convencionou chamar de Literatura Informativa
sobre o Brasil. Este tipo de literatura, também conhecida como Literatura dos Viajantes ou Literatura dos Cronistas, como consequência das Grandes
Navegações, registrava dados de levantamentos da “terra nova”, sua
floresta e fauna, seus habitantes e costumes, que se apresentaram muito
diferentes dos europeus. Daí ser uma literatura meramente descritiva e, como
tal, sem grande valor literário.
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Original da Carta de Caminha.
Clique sobre a imagem para ampliar |
A principal característica da Carta de Caminha é a
exaltação da terra, resultante do assombro do europeu diante do exotismo e da
exuberância de um mundo tropical. Com relação à linguagem, o louvor à terra
transparece no uso exagerado de adjetivos.
Pero Vaz,
ao longo de seu texto, abandonou as formalidades, como os pronomes de
tratamento e também a referência direta ao rei. Dirige-se ao leitor comum, preocupando-se em
descrever com detalhes a nova terra e seus nativos, sendo considerado o relato
mais confiável da chegada dos portugueses ao Brasil.
ANÁLISE SOCIOLÓGICA DA CARTA DE CAMINHA
A Carta mostra a necessidade de registrar detalhadamente dos roteiros náuticos e as novidades. Os relatos traduzem o olhar ocidental em contato com novas paisagens, diferentes povos, estranhos costumes e crenças, resultando em choque cultural.
Caminha
não esconde o seu deslumbramento com o que vê: terras férteis, vegetação exuberante,
natureza belíssima e, mais do que tudo, a inocência dos nativos, que vivem nus
e sem sentir vergonha. “A inocência dessa gente é tal que a de Adão
não seria maior”, registra o escrivão. Os portugueses sentiam-se como se
tivessem chegado ao Paraíso.
Encontro entre índios e portugueses no 22 de abril de 1500, data do "achamento" do Brasil
Para a análise sociológica
desse documento histórico, levaremos em
conta dois cenários que se desenham na Carta de Pero Vaz de Caminha:
Cenário 1: o primeiro encontro entre portugueses e indígenas no litoral sul da Bahia –
Porto Seguro;
Cenário 2: depois de momentos de hesitação, os dois grupos trocam objetos (escambo), prática que
se tornaria comum ao longo da colonização portuguesa.
Além disso, o estudo da carta na
disciplina Sociologia será conduzido fazendo uma abordagem
cultural, focando nos seguintes aspectos:
I - Diferenças entre os índios e os portugueses naquele período, considerando que:
- Os índios desenvolveram sua cultura respeitando e adaptando-se às regras de
sobrevivência nas florestas tropicais, buscando aprender a ler os códigos de
interação entre a flora (plantas) e a fauna (animais), enquanto os portugueses se dedicavam a
práticas mercantilistas, na busca de terras, matérias primas e metais
preciosos, sem preocupação com o meio ambiente.
- Os índios praticavam a agricultura de subsistência sem fins comerciais, ao
contrário dos portugueses;
II - Choque de culturas. Visões de mundo.Trocas por escambo. Imposição da cultura europeia (eurocentrismo);
- O embate cultural que se seguiu ao primeiro encontro entre o homem branco e o índio;
- Os impactos e as mudanças nas organizações sociais já existentes, tanto a indígena quanto a portuguesa.
Essa classificação foi extremamente importante para o registro das informações sobre os índios produzidas pelos portugueses, franceses e outros europeus. Sem os documentos produzidos pelos colonizadores, as crônicas dos viajantes, a correspondência dos jesuítas e as gramáticas da "língua geral" e de outras línguas, não teríamos registros sobre os nativos, sua cultura e sua história.
Os portugueses conheceram primeiro os povos que viviam no litoral. Por terem traços culturais semelhantes entre si, eles receberam dos colonizadores uma denominação geral: Tupi ou Tubinambá. Os outros grupos que tiveram menor contato, os portugueses deram o nome de Tapuia, a exemplo dos povos que habitavam o interior do país e que não falavam a língua que os jesuítas deram o nome de "língua geral" ou "língua mais usada na costa do Brasil".
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Os portugueses inventaram a caravela, embarcação muito
resistente à fúria dos mares |
Povos pertencentes a diversas nações e com tradições, hábitos e idiomas bem variados, viviam aqui. Muitos nem sabiam da existência uns dos outros. Estima-se que à época do descobrimento eram faladas no Brasil cerca de 1.300 línguas indígenas diferentes. O tronco Tupi reúne os maiores agrupamentos dessas línguas faladas no Brasil.
Falamos dezenas de palavras que herdamos dos idiomas do tronco Tupi e de outras línguas indígenas. Nomes de animais como jacaré, tatu e capivara, alimentos como pipoca, mingau e pamonha, nomes de cidades, plantas, rios, objetos e até fenômenos da natureza como toró, herdamos dos nativos.
Muitas cidades brasileiras têm nomes de origem
indígena, como por exemplo:
ARACAJU - Capital do estado de Sergipe, no litoral. Do
tupi guarani ará = papagaio; caju (akaiu) => cajueiro;
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Artesanato indígena |
ARARAQUARA -
Cidade e município do estado de São Paulo. Serra que inclui os
municípios de Piracicaba, Limeira.
Camaçari - Cidade na Região Metropolitana de
Salvador/Bahia. Vem do Tupi guarani camasari = a lágrima do peito. Árvore
combretácea semelhante ao tamaquaré;
CURITIBA
- do Tupi Guarani Curi = pinheiro, araucária (pinhão); TIBA = ajuntamento,
quantidade (lugar). Nome da capital do Paraná.
MURAL TODO MUNDO FALA A LÍNGUA TUPI GUARANI
Vamos Praticar ? Trabalhe em grupos de até quatro integrantes:
1- Pesquise nomes de cidades e bairros do seu estado que sejam de origem indígena.
2- Leia com muita atenção a letra da música Tu Tu Tu Tupi. Identifique no texto da letra:
a) Nomes de alimentos de origem tupi-guarani; b) também nomes de animais;
c) Nomes de estados brasileiros, cidades e outros locais de origem tupi-guarani;
d) Outras palavras da mesma origem.
Letra da Música Tu Tu Tu Tupi
Assista ao vídeo com a música de autoria do brasileiro Hélio Ziskind
3- Junto com os colegas de classe faça um mural com o título TODO MUNDO FALA A LÍNGUA TUPI GUARANI. Pesquise imagens de alimentos, plantas, animais e objetos de origem tupi; também imagens das tribos Tupi e Tupinambá para realizar em grupo a construção de outro mural. Acrescente imagens e nomes de cidades que aparecem na letra da Música de Hélio Ziskind.
5- Memorize e organize um jogral com a poesia - Os Índios.
Poesia: Os Índios Autor desconhecido
Os
índios moram na mata Ocas e aldeias
Trabalham e fazem festas Para comemorar a lua cheia.
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Eles
amam a natureza Nela tudo é respeitado
As árvores e os rios São sempre bem Conservados.
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Tudo
o que eles caçam É muito bem divertido
O pai, a mãe e os filhos Por todos são protegidos.
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ÍNDIOS E PORTUGUESES: TURMAS ESTRANHAS. CHOQUE DE CULTURAS
Quando
os portugueses chegaram ao Brasil levaram um grande susto. A tripulação saiu de Lisboa, capital de Portugal, que era uma cidade grande,
com casas, lojas, igrejas e ruas cheias de gente. Aqui, se depararam com florestas imensas, plantas e animais desconhecidos e pessoas
que viviam de um jeito nada parecido com o deles.
Os índios viviam em moradias feitas de madeira e folhas, não usavam roupas, pintavam o corpo, carregavam arcos e flechas e falavam
seu próprio idioma. Os portugueses não tinham certeza sobre o tamanho das terras e pensaram que o Brasil era apenas uma ilha. Tanto que o primeiro nome dado foi Ilha de Vera Cruz e mais tarde Terra de Santa Cruz. Estes nomes revelam a forca da religião católica e suas influencias na nova terra.
Os índios também se espantaram ao ver os
portugueses, que tinham pele clara,
falavam de um jeito estranho e se cobriam com roupas pesadas e esquisitas. Armas
de fogo, facas, machados e outras ferramentas causaram surpresa.
No começo, os dois grupos ficaram bem desconfiados, mas logo
se entenderam por gestos. Os índios foram visitar o capitão em seu navio, e depois receberam os portugueses em sua aldeia, oferecendo alimento e água, deixando-os felizes, após tantos dias no mar, com pouca comida e água.
A imposição da religião católica, o batismo e trocas dos nomes dos nativos
A
celebração da missa solene, assistida por autoridades civis
e religiosas da frota de Cabral, era a
todos familiar, e ao mesmo tempo muito
estranha aos nativos. Diz o trecho
da carta:
...
"Segundo o que a mim e a todos pareceu, essa gente não lhes falece outra
coisa para ser toda cristã (...) "Se
alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para batizar, porque já então terão
mais conhecimento da nossa fé [...]".
Falando
da terra, Caminha considera que:
"Querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo" (...) "O melhor fruto que dela se
pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar".
Trocas culturais: alimentos e animais trazidos pelos portugueses
O clima, o solo, as plantas e os bichos eram muito diferentes dos que existiam na Europa. Os portugueses encontraram a Mata Atlântica com árvores altas e bem verdes. Trouxeram novas espécies de vegetais que se adaptaram por aqui. Mudas de mangueira e jaqueira, fruta-do-conde trazidos da Índia e plantadas no Brasil, além de banana, manga, laranja, tangerina (mexerica), coco, cana de açúcar. Apesar do coqueiro ser um símbolo de nossas praias, essa planta não é nativa do Brasil e só foi trazida anos após o descobrimento.
Os portugueses introduziram na alimentação dos índios cereais, principalmente o trigo para fazer o pão, vinho, couves, alfaces, pepinos, abóboras, lentilhas, alho, cebola, cravo, canela, gengibre, cominho, coentro, arroz, mostarda e diversos condimentos e ervas, além da criação do gado, cavalo, caprinos etc., e o sarapatel ou sarrabulho, que trouxeram da Índia. A feijoada trazida pelos portugueses, a qual não foi criada pelos escravos, até porquê, é um prato típico em Portugal, que no Brasil modificou-se e ganhou identidade própria.
Os índios passaram a criar coelhos, galinhas, vacas, porcos e cavalos, animais que não existiam na América do Sul. Vieram com os portugueses, trazidas de outras colônias, frutas como: uva, figo, maçã, marmelo, pêssego, romã, cidra, tâmaras, melão, melancia.
Os portuguese introduziram o uso do sal e do açúcar, que os africanos e os índios desconheciam. Não usavam óleos vegetais e muito menos gorduras animais para preparar os alimentos. Não conheciam a fritura nem os doces, antes do contato com os portugueses.
Alimentos e animais já conhecidos pelos nativos indígenas
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Milho |
Os portugueses aprenderam até a dormir em redes. Conheceram comidas novas, como o milho, alimento nativo do Continente Americano, e que os europeus desconheciam, muito usado nas tribos tupis, consumido
em forma de mingau, assado ou cozido. Um dos navios voltou a Portugal com amostras de plantas e animais do Brasil, e frutos como caju e abacaxi, nativos da nova terra. Os índios tinham como animais de estimação araras, tucanos, macacos, saguis, papagaios, cutias, antas, veados e jabutis
Desaparecimento de populações indígenas vitimadas por doenças
As roupas e os objetos dos europeus estavam cheios de bactérias e vírus. Os índios nunca tinham tomado contato com alguns desses microrganismos e doenças como a gripe mataram muitos deles. Esses dados nos ajudam a entender os impactos e as mudanças nas organizações sociais já existentes, tanto a indígena quanto a portuguesa.
ATIVIDADES SOBRE A CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA
Leia
com atenção os fragmentos selecionados da Carta de Caminha para responder o que se pede:
Trecho
1
“ …
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas
mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau
Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram. “
“ …
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons
narizes, bem feitos. Andam todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nem fazem mais caso de
encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca
disso são de grande inocência. Os
cabelos deles são lisos. E os usavam cortados e raspados até acima das orelhas.
E um deles trazia como uma cabeleira feita de penas amarelas que lhe cobria
toda a cabeça até a nuca (…).
Parece-me
gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa,
eles se tornaria, logo cristãos, visto que não aparentam ter nem conhecer
crença alguma. Portanto, se os degredados que vão ficar aqui aprenderem bem a
sua fala e só entenderem, não duvido que eles, de acordo com a santa intenção
de Vossa Alteza, se tornem cristãos e passem a crer na nossa santa fé. Isso há
de agradar a Nosso Senhor, porque certamente essa gente é boa e de bela
simplicidade. E poderá ser facilmente impressa neles qualquer marca que lhes
quiserem dar, já que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a
bons homens. E creio que não foi sem razão o fato de Ele nos ter trazido até
aqui.
Trecho
2
Esta
terra, Senhor, parece-me que, da ponta mais ao Sul até a outra ponta ao Norte,
do que nós pudemos observar deste porto, é tão grande que deve ter bem ou vinte
e cinco léguas de costa. Ao longo do mar, têm, em algumas partes, grandes
barreiras, uma vermelhas e outras brancas; e a terra é toda chã e muito
formosa. O sertão nos pareceu, visto do mar, muito grande; porque a estender os
olhos não podíamos ver senão terra e arvoredos – terra que nos parecia muito
extensa.
Até
agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou
ferro; nem os vimos. Contudo, a terra em si é de bom clima, fresco e temperado,
como os de Entre-D’Ouro-E-Minho, nesta época do ano. As águas são muitas;
infinitas. De tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela
tudo, por causa das águas que tem!
Glossário (vocabulário): Chã: plana; Degredado: exilado; Entre-D’Ouro-E-Minho: regiões
litorâneas de Portugal; Légua: representava
para os portugueses, 5512 m. Sertão:
refere-se ao interior das terras encontradas.
Questões
propostas
1.
O texto apresenta algumas características dos primeiros indígenas avistados
pelos portugueses. De que forma Caminha os descreve? Utilize as informações do
texto para construir sua resposta.
2.
Como foi tratada a questão da religiosidade das populações indígenas pelo autor
da carta? Justifique sua resposta.
3.
Partindo da narração acima, é possível afirmar que Caminha teve uma boa
impressão das terras encontradas? Por quê?
4.
Quais interesses econômicos dos portugueses sobre essas terras ficaram
evidentes no texto? Justifique sua resposta, utilizando os trechos que leu.
Amplie seus conhecimentos. Veja também:
Sites pesquisados
A carta de Pero Vaz de Caminha na íntegra
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/carta_caminha.htm
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/0015.html
Quinhentismo
http://www.soliteratura.com.br/quinhentismo/
http://novaescola.org.br/fundamental-2/carta-pero-vaz-caminha-como-interpretar-nosso-primeiro-documento-702761.shtml
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/0016.html
http://www.sohistoria.com.br/ef2/descobrimento/p2.php
http://historiaespetacular.blogspot.com.br/2011/09/as-grandes-navegacoes.html
Letra e vídeo da música Pindorama