quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Folclore brasileiro: literatura de cordel. Dramatizações com as lendas da Vitória-Régia e da Matinta Perêra

Textos de cordel pendurados no cordão
nas feiras livres

“O cordel veio da Europa no fim do século passado. No Nordeste do Brasil ele foi bem implantado e os poetas conseguiram com ele bom resultado”. José Francisco Borges, poeta 

O cordel é um gênero de poesia popular que surgiu da oralidade e depois impressa em folhetos rústicos. Não é uma invenção nossa.  Veio de Portugal, onde os poetas eram chamados trovadores, que quando declamavam eram acompanhados por uma viola tocada por eles mesmos.

O trovadorismo  surgiu no século XII e  marcou a literatura da  Idade Média na Europa durante o feudalismo. Estendeu-se  até o século XV, com a chegada do Renascimento. Além de Portugal e outros países, também na França e Espanha, o trovadorismo era apresentado ao povo cantando o amor, seus costumes e acontecimentos da época. 
No Brasil, ganhou o nome de cordel,  porquê os folhetos ficavam pendurados em cordões em forma de varal, nos locais de venda, principalmente nas feiras livres.   

A planta aquática Vitória-Régia
No início, os temas do cordel estavam ligados à divulgação de histórias muito antigas, que vinham encantando os povos há séculos, transmitidos oralmente de uma geração à outra. 
Histórias como a da Princesa Magalona, filha do rei de Nápoles, apaixonada pelo conde Pierre, que vive as maiores aventuras e desventuras até se reencontrar com o noivo. 

Ou de Carlos Magno e os Doze Pares de França, narrativa com muitas batalhas que se espalhou por todo o sertão nordestino e inspirou nossos cantadores.

Dos antigos romances ou novelas de amor e de cavalaria, das narrativas de guerras e conquistas marítimas, o cordel passou  a retratar acontecimentos do cotidiano. Quando não havia jornais, rádio ou televisão, essa poesia popular ocupou espaço por meio de cantorias, e mais tarde, escrita nos  folhetos impressos em tipografias rústicas e vendidos nas feiras.

O cordel virou um dos meios mais importantes de divulgação dos fatos que despertavam o interesse do povo. Podiam ser os feitos de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros famosos. O registro de secas e enchentes, vaqueiros e vaquejadas, santos e milagres, crimes etc.

Vamos conhecer a planta aquática chamada Vitória Régia

Bebês deitados  numa folha 
da  Vitória Régia
A planta foi assim  batizada pelos ingleses,  em homenagem à Rainha Vitória, que governou a Inglaterra por mais de 67 anos, de 1837 até 1901, quando morreu.
Suas folhas podem atingir 2,5 metros de diâmetro e sustentar peso de até 50 quilos. 

A planta tem  espinhos que a protegem  do ataque de bichos. As folhas que aparecem na superfície de rios e lagos podem pertencer a uma única planta, com raízes bem fincadas na terra. 

Parece que flutua na água, mas isso não é verdade. Trata-se de uma planta enraizada, só a folha flutua. E para se desenvolver bem, ela precisa estar em águas com profundidade média de um metro.

A Lenda da Vitória Régia 

A bela flor da Vitória-régia
Conhecida  como irupê, aguapé ou jaçançã, a  lenda da vitória-régia é de origem indígena tupi-guarani e muito popular na Amazônia. 

Com essa lenda, os pajés explicavam para os índios de sua tribo a origem desta bela planta aquática.

Diz a lenda, que quando a Lua (um deus para os índios) se punha atrás das montanhas ficava namorando belas moças indígenas. Toda vez que a Lua se escondia, levava consigo uma linda índia que era transformada em estrela.

Numa tribo tupi-guarani vivia uma índia chamada Naiá. O sonho dela era também ser levada pela Lua e transformada numa estrela. 

Toda noite, Naiá subia no alto das montanhas na esperança de ser notada pela Lua. Porém, por mais que ela subisse e tentasse aparecer, nada acontecia.   

Numa linda e iluminada noite, Naiá viu o reflexo da Lua no lago. Acreditando que a Lua se aproximava para levá-la, atirou-se nas águas e desapareceu.

A Lua, que ficou impressionada com o ocorrido, resolveu transformar a índia numa linda planta aquática: a vitória-régia. É por isso, explica a lenda indígena, que esta planta apresenta lindas flores que abrem somente à noite, exalando um  delicioso perfume.




Vamos ver essas   lendas na  Poesia de Cordel para você dramatizar.

A  LENDA  DA  VITÓRIA-RÉGIA

Foi no rio amazonas
Que esta lenda nasceu:
Uma índia apaixonou-se
Por jaci e se perdeu,
E numa noite de lua
Na água desapareceu.

E surgiu uma linda flor,
Que refletindo o luar,
Com sua folha enorme
É a rainha do lugar,
Flutuando sobre as águas,
Vivendo a nos encantar

A Lenda da Matina Perêra  - Misteriosa criatura, ora pássaro, ora gente,  a Matina  Perêra vive nas matas.  Trata-se de uma variação da lenda do Saci-Pererê e da Caipora. 

Embora seja muito comum  nos estados da Região Norte, essa lenda é conhecida em todo o Brasil, com vários nomes: Matinta Pereira, Matinta, Mati-tapereira, Matim-taperê, Maty-Taperê, etc.  

Origem Provável: é um Mito comum  nas Regiões Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil. 

    Lenda da  MatinTa Perêra 

A Matinta Perêra é uma velha vestida de preto, com os cabelos caídos no rosto. Tem hábitos noturnos, preferindo as noites sem luar.
Quando sente a presença de alguma pessoa ela dá um assobio estridente, dando a impressão de estar gritando o seu próprio nome: Matinta Perêra. O seu aparecimento causa verdadeiro pavor às pessoas.

A Matinta Perêra pode aparecer de diversas formas, transformando-se quase sempre em coruja, apesar de aparecer também na forma de outros animais.
Para se descobrir quem é a Matinta Perêra,  basta que a pessoa que ouvir o seu assobio convide-a para vir à sua casa pela manhã para tomar café. 


Na manhã seguinte, a primeira pessoa que chegar pedindo café ou tabaco é a Matinta Perêra. Acredita-se que a Matinta Perêra possui poderes sobrenaturais. Seus feitiços são capazes de causar sérios prejuízos às suas vítimas, principalmente com respeito à saúde, causando-lhes fortes dores físicas e até a morte.

A Lenda da MatinTa Perêra              (poesia  de cordel para você dramatizar)

Sou a Matinta Perera,
De assobio prolongado,
Afugento os animais
Do mau caçador armado.
Às vezes, eu sou mulher;
Outras, pássaro encantado.


Ninguém nunca me avistou,
Caçadores só escutam
O bater das minhas asas,
E facilmente se assustam.
Saem em louca disparada,
Pois se não saem, embiruta.


Vamos praticar ? Junte seus colegas. Forme grupos ou duplas  e faça  belas  dramatizações com  essas duas lendas contadas em forma de poesia de cordel. Sucesso! 

Amplie seus conhecimentos. Veja também:

Folclore e Cultura Brasileira. Lendas indígenas: a lenda do curupira ou da caipora e a lenda do milho. Quadrinhas e adivinhações. Atividades



Peça Teatral: O Curupira e Seus Amigos da Floresta Unidos pelo Meio Ambiente. Atividades





22 de Agosto Dia do Folclore. Personagens lendários e mitológicos do folclore brasileiro. Festas e Artes populares


O Que é Folclore? Ditos Populares. Parlendas Ilustradas. Superstições. Adivinhas. Cantigas de Roda. Danças Folclóricas. Atividades

Observação:  deletei sem querer o texto original. Tentei reconstruir. Mil desculpas. Obrigada. 

Referências
Livro lendas e mitos do Brasil   em cordel   autora: Nireuda Longobardi
Literatura de Cordel na Internet.  FalaCultura  Site do poeta Augusto de Campos 
 http://falacultura.com/dica-de-site/
Poetas e cantadores. Casa de Rui Barbosa
http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/poeta.html
http://www.lendo.org/o-que-e-literatura-de-cordel-autores-obras/
Lenda da Matina Perera. Site no Amazonas é Assim
http://noamazonaseassim.com.br/a-lenda-da-matinta-perera/
http://sitededicas.ne10.uol.com.br/folk_matinta.htm

A  planta vitória regia  http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2011/05/tipica-da-amazonia-vitoria-regia-encanta-pesquisadores-e-turistas.html

Trovadorismo

4 comentários:

  1. Parabéns,conteúdo rico para ser utilizado em sala de aula, amei!!!

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  2. Obrigadíssima, Karina! Fico feliz que tenha gostado.Volte sempre e recomende-nos! Sucesso! Bjs !

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  3. Oi, Claudia!

    Parabéns, conteúdo completíssimo, super interessante. Amei!
    E obrigada por citar o FalaCultura nas fontes - é cada vez mais raro encontrar pessoas que lembrem de fazer essa gentileza e ajudar a espalhar esse tipo de conteúdo pela internet.

    Fortes abraços!

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  4. Obrigadíssima, Juliana ! Puxa, que bom ! Fico feliz por ter feito a minha parte e por tê-la aqui. A Internet tem muita coisa boa, como o FalaCultura. Parabéns ! Volte sempre !
    Bjs e um grande Axé, de Salvador/Bahia, para vc !

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