quinta-feira, 19 de março de 2015

Séries Iniciais. Conto cumulativo ou parlenda longa: O Macaco e o Rabo em duas versões. Atividades


Ensinar  as crianças através das brincadeiras ajudam a  preservar  a inocência e a integridade da infância, além de contribuir para uma cultura de paz.  As velhas e tradicionais brincadeiras são instrumentos  para  garantir que nossas crianças possam  cantar, brincar e saber de onde viemos, quem somos e para onde vamos.
Fábulas, contos de fadas e lendas urbanas são todos contos populares  e fazem  parte da tradição oral humana, surgidos quando a humanidade, muito antes de terem aprendido a ler e a escrever, passavam história, cultura, experiência e conhecimento para as novas 
geraçõesPor isso, suas origens (de onde surgiram), autor e idade são  desconhecidos. Por serem contados oralmente ao longo dos tempos, sofrem alterações, resultando em várias  versões  para uma  mesma história.    
Com o objetivo de  ajudar os colegas das séries inicias na tarefa de despertar nas crianças o gosto pela leitura e  trabalhar a memorização  trazemos duas versões do conto popular o Macaco e o Rabo, que se enquadra no chamado gênero textual cumulativo ou acumulativo ou conto popular ou parlenda longa. Para saber as características deste gênero, recomendamos o post deste blog, intitulado: 
Uma ocasião achavam-se na beira da estrada um macaco e uma cotia e vinha passando na mesma estrada um carro de bois cantando. O macaco disse para a cotia:
Cotia comendo grama
— Tira o teu rabo da estrada, senão o carro passa e corta.
Embebido nesta conversa, não reparou o macaco que ele é que corria o maior risco, e veio o carro e passou em riba do rabo dele e cortou. 
Estava um gato escondido dentro de uma moita, saltou no pedaço do rabo do macaco e correu. Correu também o macaco atrás, pedindo o seu pedaço de rabo. O gato disse:
— Só te dou se me deres leite.
— Onde tiro leite? – disse o macaco.
Respondeu o gato:
— Pede à vaca.
O macaco foi à vaca e disse:
— Vaca, dá-me leite para dar ao gato, para o gato dar-me o meu rabo.
— Não dou; só se me deres capim. – disse a vaca.
— Donde tiro capim?
— Pede à velha.
— Velha, dá-me capim, para eu dar à vaca, para a vaca dar-me leite, o leite para o gato me dar o meu rabo.
— Não dou; só se me deres uns sapatos.
Porco com cerdas (pelos)
— Donde tiro sapatos?
— Pede ao sapateiro.
— Sapateiro, dá-me sapatos, para eu dar à velha, para a velha me dar capim, para eu dar à vaca, para a vaca me dar leite, para eu dar ao gato, para o gato me dar o meu rabo.
— Não dou; só se me deres cerda.
— Donde tiro cerda?
Nuvens  e chuvas
— Pede ao porco.
— Porco, dá-me cerda, para eu dar ao sapateiro, para me dar sapatos, para eu dar à velha, para me dar capim, para eu dar à vaca, para me dar leite, para eu dar ao gato, para me dar o meu rabo.
— Não dou; só se me deres chuva.
— Donde tiro chuva?
— Pede às nuvens.
— Nuvens, dai-me chuva, para o porco, para dar-me cerda para o sapateiro, para dar-me sapatos para dar à velha, para me dar capim para dar à vaca, para dar-me leite para dar ao gato, para dar meu rabo…
Gatos bebendo leite
— Não dou; só se me deres fogo.
— Donde tiro fogo?
— Pede às pedras.
— Pedras, dai-me fogo, para as nuvens, para a chuva, para o porco, para cerda para o sapateiro, para sapatos para a velha, para capim para a vaca, para leite para o gato, para me dar meu rabo.
— Não dou; só se me deres rios.
nascentes de rios
— Donde tiro rios?
— Pede às fontes
— Fontes, dai-me rios, os rios ser para as pedras, as pedras me dar fogo, o fogo ser para as nuvens, as nuvens me dar chuvas, as chuvas ser para o porco, o porco me dar cerda, a cerda ser para o sapateiro, o sapateiro fazer os sapatos, os sapatos ser para a velha, a velha me dar capim, o capim ser para a vaca, a vaca me dar o leite, o leite ser para o gato, o gato me dar meu rabo.
Assim alcançou o macaco todos os seus pedidos. O gato bebeu o leite, entregou o rabo. O macaco não quis mais, porque o rabo estava podre.
Fonte: Ricardo Sérgio. Site Recanto das Letras

 O Macaco e o Rabo (versão 2)

Certo dia um macaco  pensou em ficar rico.  Para isso, parou num  lugar onde costuma passar  um caminhoneiro   com seu caminhão. O macaco estendeu o rabo pela estrada por onde  passariam  as rodas do carro. O caminhoneiro, vendo isso, disse:
— Macaco, tira teu rabo do caminho, que  eu quero passar.
— Não tiro, — respondeu o macaco.
O caminhoneiro  tangeu os bois, e o carro passou por cima do rabo do macaco,  cortando-o fora. O macaco, então, fez um barulho muito grande:
— Eu quero meu rabo ou então dê-me uma navalha…
O caminhoneiro  lhe deu uma navalha  e o macaco saiu muito alegre a gritar:
Navalha 
— Perdi meu rabo! Ganhei uma navalha!… Tinglin, tingilin, que vou para Angola!

Seguiu. Chegando adiante, encontrou um negro velho, fazendo cestas e cortando os cipós com o dente.
O macaco disse:
— Oh, amigo velho, coitado de você! Ora, está cortando os cipós com o dente… tome esta navalha.

O negro aceitou, e quando foi partir um cipó, quebrou-se a navalha. O macaco abriu a boca no mundo e pôs-se a gritar:

— Eu quero minha navalha, ou então me dê um cesto!
O negro velho lhe deu um cesto e ele saiu muito contente gritando:

— Perdi meu rabo, ganhei uma navalha, perdi minha navalha, ganhei um cesto… Tinglin, tinglin, que vou pra Angola!

Seguiu. Chegando adiante, encontrou uma mulher fazendo pão e botando na saia.
Mulher fazendo pão

— Ora, minha Sinhá, fazendo pão e botando na saia! Aqui está um cesto.

A mulher aceitou, e, quando foi botando os pães dentro, caiu o fundo do cesto. O macaco abriu a boca no mundo e pôs-se a gritar:

— Eu quero o meu cesto, quero o meu cesto, senão me dê um pão!

A mulher deu-lhe o pão, e ele saiu muito contente a dizer:

— Perdi meu rabo, ganhei uma navalha, perdi minha navalha, ganhei um cesto, perdi meu cesto, ganhei um pão… Tinglin, tinglin, que vou pra Angola!

E foi comendo o pão.

Colhido por Sílvio Romero, em Sergipe.
Fonte: Jangada Brasil - Revista OnlineDoze contos acumulativos

ATIVIDADES 

1. Você gostou do conto aqui apresentado? Qual é o título? 
2. O conto foi apresentado em duas versões, ou seja, a mesma história contada de forma diferente.  Escreva as diferenças que você encontrou em cada uma das versões. Comece citando os  personagens de cada uma. 
3. Agora lanço um desafio para você. Escolha  a versão que você mais gostou e reescreva a história do Macaco e o Rabo, dando a sua própria versão.  Não 
esqueça de ilustrar com belos desenhos. Sucesso !

TODAS AS IMAGENS SÃO DO GOOGLE

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